segunda-feira, 20 de abril de 2009

Botox é Usado no Tratamento de Enxaquecas e de Problemas Vocais

O médico Mark Stillman, diretor do Centro para Cefaléia e Dor da Clínica Cleveland, tem um tratamento para pessoas com enxaquecas freqüentes: ele injeta botox ao redor da cabeça e do pescoço. Já Andrew Blitzer, diretor do Centro para Distúrbios de Voz e Deglutição do Centro Hospitalar St. Luke's-Roosevelt em Manhattan, tem um antídoto para impedimentos da fala causados por problemas nas cordas vocais: ele injeta botox na laringe. Fredric Brandt, dermatologista de Manhattan e Coral Gables, Flórida, tem um procedimento novo para pele oleosa e vermelhidão: botox. Ao longo da última década, o botox se tornou sinônimo de erradicação de rugas, uma forma abreviada de toda a empreitada da medicina cosmética.

Mas com a popularização de novos usos médicos, aplicações terapêuticas da droga podem superar o tratamento cosmético tanto em receita quanto em importância. Na busca para descobrir o próximo sucesso no uso terapêutico do botox, médicos o injetaram experimentalmente em músculos e glândulas de todo o corpo, transformando a substância na fita adesiva da medicina.

Segundo publicações médicas recentes, especialistas têm usado botox para tratar problemas de mastigação, deglutição e espasmos musculares na pélvis, ptialismo, perda de cabelo, rachaduras anais e dores em membros amputados. "Nós o vemos como uma molécula que está sempre nos fornecendo mais usos. Quanto mais a entendemos, mais ela nos dá novas idéias de como usá-la", disse o médico Mitchell F. Brin, neurologista chefe científico de Botox da Allergan, a fabricante da droga. Nenhum outro agente terapêutico "tem demonstrado tantos usos", ele completou.

Mas alguns agentes de defesa da saúde dizem que os médicos estão adotando amplamente novos usos do botox antes de diretrizes federais e estudos clínicos rigorosos estabelecerem dosagens seguras e eficazes para novos tratamentos. "É tentativa e erro com a neurotoxina", diz Sidney M. Wolfe, diretor do grupo de pesquisa de saúde do Public Citizen, uma organização de defesa do consumidor. No ano passado, o grupo enviou um abaixo-assinado à Food and Drug Administration (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA), pedindo um rótulo de alerta para toxinas injetáveis.

O botox é uma forma purificada da toxina botulínica, uma neurotoxina produzida pela bactéria que causa o botulismo, doença que paralisa os músculos e pode ser fatal. Aplicações de botox agem como minúsculos dardos da substância que temporariamente enfraquecem os sinais nervosos químicos em certos músculos ou glândulas, reduzindo sua atividade. A FDA aprovou o botox para o tratamento de quatro problemas: distúrbios musculares dos olhos, distúrbios musculares do pescoço, transpiração excessiva - e o mortal delator da idade, as rugas na sobrancelha.

Mas a Allergan, uma empresa farmacêutica especializada de US$14,5 bilhões, é dona ou requisitante de patentes para mais de 90 usos da droga. Brin, da Allergan, diz que o botox tem um longo histórico de segurança - suportado por 30 anos de pesquisas favoráveis, estudos em 11 mil pessoas ao redor do mundo e 17 milhões de tratamentos nos Estados Unidos desde 1994. "Esse perfil de segurança possibilitou que continuássemos a explorar o produto em partes mais profundas do corpo e em áreas novas", completa. A Allergan não promove usos não-aprovados da droga, ele diz.

O botox foi desenvolvido nos anos 1970 pelo doutor Alan Scott, um oftalmologista de São Francisco que buscava uma cura para o estrabismo. Ele tinha uma teoria de que doses pequenas de uma neurotoxina usada para enfraquecer os músculos responsáveis internamente pelo estrabismo poderiam tratar a condição, tendo feito vários experimentos com uma série de agentes paralisantes.

Então, um bioquímico que havia isolado e purificado uma linhagem da toxina botulínica para um possível uso militar como arma biológica enviou a Scott uma amostra. Scott batizou a nova droga de Oculinum. Em 1989, a FDA aprovou a substância para o tratamento de estrabismo e tremor nas pálpebras. A Allergan comprou o Oculinum em 1991 por cerca de US$9 milhões, rebatizando-o de Botox. Quando David E.I. Pyott se tornou chefe-executivo da empresa em 1998, o botox possuía US$90 milhões em vendas anuais.

No ano passado, as vendas chegaram a US$1 bilhão. "Ninguém na Allergan conpreendia o tamanho da mina de ouro sobre a qual estávamos sentados", Pyott disse. As farmacêuticas geralmente dependem de vários produtos para equilibrar seus negócios. Mas na Allergan, o botox se tornou praticamente uma fonte própria de recursos após a chegada de Pyott, que reconheceu que a substância era uma medicação que poderia ser utilizada em série para outras aplicações.

Médicos, autorizados a usar drogas aprovadas para tratamentos não-aprovados, do modo como julgarem apropriado, já aplicavam botox para tratar condições fora do escopo indicado em partes do corpo e outros músculos dos olhos. Alguns relataram que seus pacientes apresentaram efeitos colaterais inesperados - menos dores de cabeça, por exemplo, ou pele mais macia - após o tratamento de botox. Pyott investiu pesadamente na expansão da pesquisa interna e incentivou médicos a formalizar suas observações casuais na forma de pesquisas publicadas.

Ele também reconheceu que alguns americanos estavam dispostos a pagar generosamente por injeções que amenizavam as rugas. Para provar a eficácia da droga, a empresa patrocinou ensaios clínicos com o intuito de usar o botox para propósitos cosméticos e para outros distúrbios musculares. Ao longo de nove anos, a FDA aprovou o tratamento de botox para espasmos musculares no pescoço e sudorese excessiva. A agência também aprovou a mesma droga, sob o nome de Botox Cosmético, para amenizar as rugas da testa.

No ano passado, o botox teve vendas mundiais de US$1,3 bilhão, divididas praticamente meio a meio entre usos cosméticos e médicos. Entre as toxinas botulínicas, o botox tem uma participação de mercado de 83%, afirmou a Allergan. No entanto, com outras toxinas concorrentes prestes a entrar no mercado americano, a Allergan preparou o botox para outros usos médicos. Pyott espera que as vendas terapêuticas da droga logo superem as vendas do Botox Cosmético. Seguradoras de saúde às vezes cobrem usos médicos do botox; um tratamento para bruxismo pode custar US$1 mil a cada três meses, por exemplo.

Mas para tratamentos cosméticos, que decresceram um pouco no final do ano passado, os consumidores devem pagar em dinheiro. "O campo terapêutico vai acabar ficando maior que o cosmético mesmo que a economia se recupere, porque existem grandes necessidades médicas ainda não solucionadas", Pyott disse. Nos próximos meses, a empresa espera obter a aprovação federal para comercializar a droga como tratamento para rigidez de membros ou espasmos em vítimas de derrame. "Ainda este ano, a Allergan planeja requerer aprovação para que a droga seja comercializada como tratamento de enxaquecas", Pyott disse. Ele também afirma que a empresa planeja no futuro buscar a aprovação da FDA para comercializar o botox como tratamento de hipertrofia benigna da próstata.

Mas muitos médicos não estão esperando pela sanção federal para injetar botox no caso desses e outros distúrbios. Embora a Allergan não discrimine as vendas do botox, Gary Nachman, analista do Leerink Swann, um banco de investimento, estima que talvez até metade das vendas de Botox já venham de usos não-aprovados da droga. "É como uma poção milagrosa", disse Nachman.

O botox é tão amplamente adotado pela medicina - e arraigado na cultura popular - que alguns médicos não vêem os novos usos como experimentais. Há vários anos, o médico Kamran Jafri, cirurgião facial de Manhattan, começou a injetar botox um pouco abaixo da pele do rosto, uma técnica que ele afirma reduzir o tamanho dos poros, marcas faciais e oleosidade da pele. "A dosagem é feita por tentativa e erro", Jafri diz. "Não acho que seja experimental porque é um tratamento que tenho feito muito e que tem funcionado." Tais usos assistemáticos do botox são perfeitamente legais para médicos.

Mas alguns profissionais da área temem que os médicos estejam testando e adotando a terapia de botox antes de ensaios clínicos e a aprovação governamental estabelecerem dosagens seguras para novas indicações - e sem comprovação definitiva de que os novos tratamentos funcionam. Embora complicações fatais decorrentes do uso de botox e outras toxinas botulínicas sejam raras, algumas pessoas chegaram a morrer após o tratamento.

Em alguns casos, a toxina se espalhou para fora do local de aplicação, causando inchaço grave e problemas respiratórios. Por exemplo, várias crianças com paralisa cerebral morreram após receberem altas dosagens da droga nos membros. "É possível ocorrer aplicação em excesso. Isso é tóxico", disse o doutor Frederick Burgess, chefe de anestesia do Centro Médico V.A. em Providence, Rhode Island. "Algo pode dar errado. É raro, mas acontece." No ano passado, o Public Citizen fez um abaixo-assinado para a FDA, pedindo um alerta mais incisivo sobre toxinas botulínicas que enfatizasse o risco de difusão do local de aplicação e a necessidade dos pacientes buscarem atendimento médico imediato para dificuldades de respiração e de deglutição.

A autoridade de saúde canadense instituiu tal mudança de rótulo no início deste ano. Pyott, da Allergan, diz que ocorreram poucos problemas sérios decorrentes de aplicações de botox - mas não necessariamente causados diretamente pela droga. Alguns pacientes tinham graves doenças antes do tratamento, ele disse. "Os médicos têm experimentado a droga com dosagens cada vez mais altas", Pyott diz. "Como qualquer outra droga, se você toma demais, é possível ter efeitos colaterais." A FDA está revisando a segurança das toxinas botulínicas, segundo uma nota de imprensa da agência.

No ano passado, a agência também adiou a aprovação de uma nova toxina chamada Dysport para tratamento de problemas musculares no pescoço. A FDA pediu que os fabricantes primeiro desenvolvessem um plano para informar médicos e pacientes sobre o risco da droga. Mas analistas do setor previram que a FDA iria adiar a aprovação de qualquer nova toxina botulínica até que os reguladores finalizassem um rótulo de alerta mais incisivo para todas as marcas. Quando Pyott chegou à Allergan, a empresa era especializada em medicamentos para tratamentos oculares.

Ao longo da última década, ele transformou a empresa num lar construído pelo botox, expandindo a credibilidade da droga em várias especialidades médicas através da compra de negócios complementares. Para solidificar o domínio da Allergan na medicina cosmética, por exemplo, a empresa gastou US$3,2 bilhões em 2006 para adquirir a Inamed, fabricante líder em aplicações de preenchimento de rugas e implantes de seio. Preparando-se para apresentar o botox como tratamento para dores de cabeça, incontinência urinária e hipertrofia da próstata, a empresa também se estabeleceu na neurologia e urologia com o desenvolvimento ou comercialização de outras drogas especializadas, Pyott diz.

A possibilidade de novos usos lucrativos do botox não passou despercebida. Após boatos de uma possível fusão com a GlaxoSmithKline no mês passado, as ações da Allergan subiram quase 24% no curso de dois dias, chegando a US$48,95; no momento, a ação da empresa é comercializada a US$47,70. Ambas as empresas se recusaram a comentar sobre os rumores de fusão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Mais da Metade da População Brasileira Sofre Com Sobrepeso ou Obesidade

Mais da metade da população brasileira sofre com excesso de peso. O estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), produzido pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de São Paulo (USP), mostra que 43,3% da população estão com o peso acima dos níveis recomendados (sobrepeso) e 13% estão obesos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera com sobrepeso as pessoas que estão com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 25, e obesas as que têm IMC a partir de 30.

"Temos uma tendência histórica de elevação no país e no mundo inteiro de sobrepeso e obesidade. Para reduzir esses níveis é fundamental que a gente avance tanto na prática de exercícios físicos regulares quanto na alimentação saudável", avalia a coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do ministério, Deborah Malta. De acordo com ela, o aumento do consumo de frutas e hortaliças e a diminuição da ingestão de carnes com gorduras ainda não são suficientes para conter essa "epidemia".

Para levantar os dados, adultos das 27 capitais foram entrevistados por telefone, entre junho e dezembro de 2008, sobre consumo de álcool e tabaco, padrão de alimentação, peso e altura, nível de atividade física, perfil sócio demográfico, atualização de exames preventivos e índices de doenças como hipertensão e diabetes.

Consumo de álcool
"Um fator que nos traz preocupação é o aumento do consumo abusivo de álcool para essa tendência de crescimento da obesidade e do sobrepeso", alerta o coordenador do Vigitel, Otaliba Libânio Neto, da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério. A OMS considera consumo excessivo de álcool a ingestão de mais de quatro doses para mulheres e cinco doses para homens em um mesmo momento. Ou seja, se em uma festa um homem consumir mais que cinco latinhas de cerveja ou cinco taças de vinho, por exemplo, este consumo é considerado abusivo - ainda que isso ocorra apenas uma vez no mês.

No Brasil, o índice de pessoas que ultrapassam esta barreira é de 19%, no total. Os homens jovens e as mulheres em geral são os grupos que mais preocupam. Entre eles, o consumo abusivo de álcool chega a 30% na faixa que vai de 18 a 44 anos. Entre as mulheres, apesar de o índice ainda ser bem menor, o consumo subiu de 8,1% da população feminina em 2006, para 10,5% em 2008 - aumento de cerca de 20%.

Exames preventivos
A saúde delas também foi observada pelo estudo, quanto à realização de exames preventivos. O Vigitel constatou que 71% das mulheres com 50 anos ou mais fizeram mamografia nos últimos três anos e 80,9% das que têm entre 25 e 29 anos fizeram exames de prevenção do câncer do colo de útero. O percentual de mulheres que passaram por esses procedimentos aumentou, quando o nível de escolaridade também subiu. Em ambos os casos, os índices ultrapassam os 89% em mulheres com 12 anos ou mais de escolaridade. A mamografia é recomendada para mulheres entre 50 e 69 anos pelo menos uma vez a cada dois anos.

Queda no tabagismo
O Vigitel registrou ainda uma queda no tabagismo, que passou a atingir 15,2% da população em 2008. Em 1989, os índices eram superiores a 34%. Além disso, caiu de 2% para 1,5% nas pessoas que admitem dirigir após consumo abusivo de álcool. Otaliba Neto credita que retrações se devem à legislação restritiva que surgiu nos últimos anos, proibindo propagandas e restringindo o uso dessas substâncias.

Pressão alta
O diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial também teve um aumento, segundo constatou o estudo. Os números subiram de 21,6% dos entrevistados em 2006, para 23,1% em 2008.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Boa Páscoa Para os Alérgicos

Crianças com restrições alimentares não precisam deixar de comemorar a Páscoa com os tradicionais ovos de chocolate. É preciso, porém, que os pais procurem produtos sem lactose e sem glúten — substâncias que provocam boa parte das alergias — disponíveis no mercado. Se a alergia for ao chocolate, porém, o jeito é recorrer a outro tipo de presente, como brinquedos. Estima-se que a alergia a alimentos atinja 8% das crianças e 3% dos adultos no mundo. A causa mais comum é genética: filhos de alérgicos têm até 80% de chance de desenvolver sensibilidade a determinadas substâncias.

De acordo com especialistas, a alergia ao chocolate ocorre pelo alto teor energético do cacau, causando hipersensibilidade especialmente nas pessoas com asma brônquica. Muitos confundem essa alergia com a intolerância à lactose, que resulta na incapacidade de o organismo aproveitar ingredientes do leite animal. O imunologista do hospital Badim, José Telles, explica que a intolerância à lactose não é propriamente uma alergia.

“Trata-se de uma deficiência das enzimas do aparelho digestivo que quebram a lactose contida nos alimentos. Com a carência, existe uma maior fermentação deste açúcar pelas bactérias intestinais, provocando gases, dor abdominal e desconforto”, diz. Outro grande vilão é o glúten, presente nas farinhas e nos chocolates. Segundo o dermatologista Egon Daxbacher, a criança que estiver diagnosticada com alergia a esta proteína não pode comer nada que a contenha.

Do contrário, pode ocorrer uma reação imunológica, causando inflamação na mucosa intestinal que resulta em diarréias, dores abdominais, emagrecimento e até anemia. A opção para os diabéticos ‘chocólatras’ é o chocolate diet, com 0% de açúcar. Um estudo alemão divulgado recentemente trouxe uma possível boa novidade para quem sofre da doença: o consumo diário de uma xícara de chocolate amargo enriquecido com mais flavonóides — compostos presentes no cacau, principal ingrediente do chocolate — pode ajudar diabéticos a prevenir doenças cardíacas. Os flavonóides impulsionam o aumento da produção de óxido nítrico — uma substância química que atua no relaxamento e dilatação de artérias.

De acordo com a pesquisa, as artérias de uma pessoa normal são capazes de se dilatar cerca de 5%. No caso dos pacientes diabéticos, essa capacidade foi registrada em 3,3%. No entanto, duas horas depois de os pesquisados consumirem o chocolate, essa capacidade aumentou para 4,8%.

Cerca de 2 Milhões Sofrem de Doença Renal Crônica no Brasil

Uma doença silenciosa, irreversível, progressiva e que em seu estágio inicial não possui sintomas aparentes, como dor ou outra manifestação do organismo. Assim age a doença renal crônica, que tem índice de mortalidade semelhante ao de cânceres de próstata e de colo de útero. No mundo, estima-se que haja 500 milhões de pessoas afetadas --em países como EUA, Austrália, Japão, o índice pode chegar a 11% da população.

No Brasil, de acordo com o Datafolha, apenas três em cada dez brasileiros já fizeram exames de avaliação das funções renais. A Sociedade Brasileira de Nefrologia estima que mais de 2 milhões de brasileiros sofram de doença renal crônica, sendo que a maioria nem sequer sabe da doença. A progressão da falência dos rins é quase imperceptível, sem qualquer tipo de dor ou de outro sintoma de fácil identificação.

Quando eles surgem, geralmente os rins estão danificados ao extremo --algo que, em casos mais graves, exige o tratamento por meio de diálise, processo artificial que substitui a filtração dos rins. A doença renal crônica ocorre quando os rins perdem a capacidade, parcial ou total, das funções. Eles são o filtro de toxinas na forma de creatinina e de excesso de água no organismo, que são levados à bexiga para excreção por meio da urina. Cerca de 150 litros de líquido são filtrados, diariamente, pelo aparelho renal, dos quais 148 litros são reabsorvidos.

Além disso, o órgão também trabalha no equilíbrio de eletrólitos (como o potássio, o cloro e o sódio), importantes reguladores das funções celulares. Os rins também são produtores de hormônios que controlam a produção de hemácias (glóbulos vermelhos) e mantêm os níveis normais de cálcio nos ossos e no sangue. "É uma doença que mata tanto quanto o câncer de próstata e o de colo de útero", ressalta Hugo Abensur, nefrologista e professor da Faculdade de Medicina da USP. "A mortalidade bruta é de 14,3% nos casos de doença renal crônica." A melhor forma de prevenção da doença, segundo o especialista, é a ingestão constante de água e a prática de exercícios físicos.

A doença renal crônica está relacionada a problemas de saúde precedentes ou a um defeito congênito. As enfermidades associadas mais comuns são a inflamação e lesão dos néfrons (unidades funcionais dos rins, que são milhares em cada órgão), diabetes e hipertensão. "Na hipertensão, a pressão sanguínea danifica artérias e capilares, o que faz com que os vasos sanguíneos, inclusive os dos rins, percam a flexibilidade", explica Abensur. "A diabetes, por sua vez, impede absorção de açúcar, e o acúmulo de glicose no sangue faz com que vasos de todo o corpo sejam lesionados, principalmente os vasos dos rins."

Entre os casos de doença crônica dos rins, 54% dos pacientes apresentavam diabetes, 20% hipertensão e 10% possuíam inflamação renal, segundo dados do professor da USP. Outros fatores que exigem cuidados, segundo Abensur, são o histórico de doenças cardiovasculares e a obesidade. "Sabemos que o excesso de peso é um problema para a humanidade. Para a prevenção de doença crônica nos rins, o controle da alimentação é fundamental."

terça-feira, 3 de março de 2009

Jogadores de Futebol Mais Altos Têm Mais Sucesso

Uma pesquisa das Universidades de Wolverhampton e de Birmingham, na Grã-Bretanha, afirma que jogadores de futebol mais altos são os mais bem-sucedidos. O professor Alan Nevill, da Escola de Esportes, Artes Cênicas e Lazer, levantou dados oficiais da primeira divisão do futebol inglês - antiga First Division, hoje chamada de Premier League - para examinar as características físicas dos melhores jogadores profissionais.
Nevill examinou estatísticas dos períodos da década de 70, 80, 90 e entre os anos de 2003 e 2004, usando dez anos de intervalo para evitar sobreposição de dados. O jogador tinha que ter pertencido aos clubes que estavam entre os seis primeiros colocados de cada temporada para ser considerado "bem sucedido".

Entre os jogadores altos apontados como exemplos no estudo estão os atacantes Thierry Henry (2003 - 2004, do Arsenal, na foto) e Ruud Van Nistelrooy (2003 - 2004 Manchester United), ambos com 1,88 m, e Peter Crouch (2003 - 2004, do Aston Villa), com 2,01 m. "Os resultados deste estudo mostram que os jogadores profissionais estão ficando mais altos e pesados a cada década, com um pequeno, porém significativo aumento no Índice de Massa Corporal durante as quatro décadas", disse Nevill.

O professor Nevill também afirmou que a pesquisa previu muitas diferenças em algumas posições específicas dos times. "Muitas das diferenças em posições de jogadores também foram previstas, com goleiros, centroavantes e zagueiros centrais ficando mais altos e pesados do que os que jogam em posições mais abertas, como os pontas e os laterais", acrescentou. O pesquisador também descobriu que, em análises recentes, os jogadores dos times mais bem sucedidos eram mais altos e jovens do que aqueles em times com menos vitórias. E, segundo Nevill, existem várias razões que levam este tipo de corpo a ter mais chances de sucesso.

"Além do fato de que jogadores mais altos cabecearem melhor na defesa e ataque, eles também poderão fechar ou limitar a habilidade dos jogadores adversários de passar e distribuir a bola", afirmou. "E pessoas mais altas e magras são capazes de dissiparem o calor mais rapidamente do que as pessoas mais baixas e pesadas." "Estes resultados sugerem que técnicos de futebol e caçadores de talentos deveriam prestar atenção ao formato do corpo quando selecionarem os potenciais jogadores para seus times", acrescentou.

Apesar dos grandões levarem vantagem na pesquisa, alguns jogadores históricos contrariam os resultados apresentados pelas universidades britânicas. Os baixinhos Maradona (1,65 m) e Romário (1,69 m) marcaram época nas décadas de 1980 e 1990. Para citar um caso mais antigo, a média estatura de Pelé (1,72) não impediu que ele se tornasse, do final da década de 1950 para cá, o atleta futebolístico mais reconhecido no planeta.

Sedentarismo Pode Elevar Risco de Asma em Crianças

Crianças pequenas que passam mais de duas horas por dia assistindo à televisão correm duas vezes mais risco de desenvolver asma, de acordo com um estudo britânico publicado na revista de medicina respiratória "Thorax". Os cientistas dizem, contudo, que o problema se deve menos à TV em si e mais ao estilo de vida sedentário ligado ao hábito de assisti-la.

Os pesquisadores acompanharam mais de 3 mil crianças britânicas desde o nascimento até os 11 anos e meio. Todos os anos, os pais respondiam a um questionário sobre sintomas de problemas respiratórios em seus filhos e se um médico diagnosticou asma. Os pais também foram requisitados a acompanhar os hábitos de assistir à televisão dos filhos a partir dos três anos e meio de idade. Nenhuma criança pequena ou bebê apresentava problemas respiratórios. Aos 11 anos e meio, 185 crianças (6%) tinham desenvolvido asma.

E crianças que assistiram à TV durante mais de duas horas por dia apresentaram quase o dobro de possibilidade de ter sido diagnosticadas com asma do que as que assistiam menos à televisão. Entre as crianças com asma, 2% não assistiam à TV, 20% assistiam por menos de uma hora por dia, 34% praticavam o hábito entre uma e duas horas e 44% assistiam à televisão durante mais de duas horas por dia.

Pesquisadores ressaltaram que, como nenhuma criança apresentava problemas respiratórios aos três anos e meio, é pouco provável que as crianças que desenvolveram asma tenham sido forçadas a fazer menos exercícios desde tenra idade justamente por causa dos sintomas da doença. Eles especulam que a inatividade é uma explicação para os resultados obtidos, partindo-se da premissa de que as crianças que assistem mais TV têm vidas menos ativas - os cientistas não monitoraram diretamente os níveis de exercício das crianças durante o estudo.

No final do estudo, quando as crianças tinham 11 anos e meio de idade, constatou-se pouca diferença nos níveis de exercício físico entre os que desenvolveram asma e os que não desenvolveram. O co-autor do estudo, James Paton, da Universidade de Glasgow, disse: "Nós achamos que o problema é inatividade, não assistir à TV." "Pode haver um período cedo na vida quando as atividades fazem alguma coisa para proteger os pulmões." "Pode ser que ao não ficar sentado parado você acabe respirando profundamente e isso pode ser importante no longo prazo." Há indícios de que padrões respiratórios podem ser importantes para os músculos das vias respiratórias.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Bichos de Estimação Motivam Fumantes a Cortar o Vício

Se eles não param de fumar para salvar a si próprios, que tal fazê-lo pelo bom e velho Totó? Uma nova pesquisa sugere que donos de animais de estimação que não pensam em parar de fumar podem se tornar motivados a isso quando informados de que seus animais podem ser afetados ao inalar a fumaça passivamente. “Os donos de animais de estimação nos Estados Unidos são muito devotados a seus bichos,” escreveram os pesquisadores, comandados por Sharon Milberger do Sistema de Saúde Henry Ford, em Michigan.

O estudo aparece na publicação americana "Tobacco Control". A fumaça passiva foi associada a uma variedade de problemas em animais de estimação, incluindo linfomas em gatos e câncer nasal ou pulmonar em cachorros, dizem os pesquisadores. Também se descobriu que pássaros de gaiola sofrem de efeitos daninhos.

Para o estudo, eles conduziram uma pesquisa online por seis meses que obteve respostas de 3.293 donos de animais de estimação, principalmente em Michigan. A pesquisa foi divulgada, entre outros lugares, em petshops e na Sociedade Humanitária de Michigan. No total, segundo a pesquisa, 27% dos respondentes tinham pelo menos um fumante na residência.

Entre os que fumavam, 28% disseram que saber que estavam colocando seus animais em risco os faria tentar parar, e quase 19% não permitiriam cigarros em casa. Quarenta por cento expressaram interesse em informações sobre cigarros e como parar de fumar. As descobertas significam que defensores antitabaco deveriam tentar atingir fumantes em clínicas veterinárias, petshops e locais similares. “Esta nova fonte de motivação poderia ser particularmente forte para fumantes que moram sozinhos na companhia de seus animais,” diz o estudo.