quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Naturalmente Egoístas

Uma pesquisa científica comprovou o que toda mãe já sabe: antes dos sete anos, toda criança é um monstrinho egoísta. Só depois dessa idade é que os pequenos aprendem a importância de dividir e passam a levar em consideração os sentimentos dos outros. O estudo mostra duas coisas: primeiro, antes desta idade é perda de tempo convencer seu filho a dividir o brinquedo; segundo, os seres humanos são “programados” para serem generosos.

A mudança geralmente ocorre entre os sete e oito anos. E é tão repentina que os cientistas acreditam que só poderia ser explicada pela genética. De uma hora para a outra o mesmo menino que não emprestava o carrinho para irmão de jeito nenhum começa a entender os prazeres de brincar junto.

O trabalho, publicado na revista “Nature” desta semana, ajuda os pesquisadores a responder uma pergunta antiga: somos generosos porque simplesmente somos ou aprendemos isso depois de viver em sociedade?

Para responder, os pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, acompanharam 229 crianças entre três e oito anos, enquanto elas participavam de três jogos. Em cada um, uma criança recebia a foto de outra e tinha duas opções sobre como dividir seus doces.

No primeiro, ela podia guardar uma pequena porção para si e daí ou dar o resto ou simplesmente não dar nada para o outro. Na segunda, ela podia ou dar duas porções para o colega, ou ficar com uma para si e dar uma para o outro. Na terceira, podia ficar com duas porções, dar uma para o amigo ou dar as duas.

A descoberta? Entre três e quatro anos, as crianças só pensam nelas mesmas e não têm consideração nenhuma pelo outro. Menos de 10% delas dividiram os doces igualmente no primeiro teste. A coisa não melhora muito entre os cinco e seis anos de idade. Basta chegar aos sete e oito, no entanto, e quase 80% das crianças escolheram dividir por igual os doces no primeiro jogo. No terceiro, 40% delas se recusou a deixar o outro sem nada. É claro que a generosidade tem limites – principalmente quando envolve crianças e doces. No segundo jogo, mesmo as mais velhas se recusaram a dar tudo para o colega e ficar sem nada.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Cesariana Aumenta Risco de Diabetes em Bebês

Bebês que nascem por cesariana têm 20% mais chances de desenvolver diabetes tipo 1, indica uma pesquisa publicada na revista científica PubMed. Os pesquisadores da Queen's University, em Belfast, na Irlanda do Norte, revisaram 20 estudos já publicados sobre crianças nascidas por cesárea que sofrem de diabetes tipo 1.

Os resultados indicam que esse tipo de parto contribui para um aumento de 20% no risco do bebê se tornar diabético. Segundo os pesquisadores, esse aumento não pôde ser explicado por nenhum outro fator como peso da criança no nascimento, idade da mãe, diabetes na gestação ou aleitamento materno.

De acordo com Chris Cardwell, que liderou o estudo, é provável que esse aumento ocorra porque os bebês que nascem por esse método são expostos primeiro à bactéria proveniente do hospital, e não da mãe. O risco normal de um bebê desenvolver a diabetes do tipo 1 é de três para cada 1 mil crianças.

De acordo com Iain Frame, diretor de pesquisa da ONG Diabetes UK, que trabalha com pacientes diabéticos, as mães devem levar esse risco em consideração quando há escolha pelo tipo de parto.

"Já sabemos que a genética e as infecções infantis têm um papel importante no desenvolvimento da diabetes tipo 1 em crianças, mas os resultados desse estudo indicam que o modo como o bebê nasce pode afetar as chances de desenvolver essa condição", afirmou o diretor. Segundo ele, são necessárias mais pesquisas nessa área para descobrir a relação entre a cesariana e o risco de desenvolver a diabetes tipo 1.

Um levantamento encomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil e divulgado em maio deste ano, usou dados de 2006 e indica que a cesariana representa 43% dos partos realizados no setor público e no privado. Entre as mulheres que utilizam planos de saúde, esse percentual é ainda maior e chega a 80%. No Sistema Único de Saúde (SUS), 26% dos partos são cesáreas.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Hiperatividade e Esporte

O grande recordista olímpico e mundial da natação Michael Phelps, 23 anos, além de conseguir as oito medalhas de ouro nas Olimpíadas de Beijing, sendo considerado o maior nadador de todos os tempos, questiona também a chamada desordem por déficit de atenção e hiperatividade. Na infância Phelps foi diagnosticado com ADHD ou em inglês, attention deficit hyperactivity disorder, tendo inúmeras frustações na escola, uso da medicação Ritalin, além de outros problemas.

Quando no jardim de infância e no mesmo instante em que seus pais se separavam, de acordo o jornal New York Times, sua professora se queixou para sua mãe, Debbie, dizendo que Michael não podia ficar sentado quieto, estava sempre inquieto e sem um foco determinado. Talvez ele estivesse chateado, dizia a professora, e ela continuava afirmando que Phelps não era um presente. E completava dizendo que o filho de Debbie, jamais teria um foco em alguma coisa. Estas famosas frases o tornaram com uma extrema dedicação na natação, sendo sempre muito focado nos exercícios, e talvez tentando provar alguma coisa e sempre com o apoio incondicional da sua mãe, também uma professora.

Diagnosticado com ADHD, Michael passou dois anos tomando Ritalin, um estimulante, exatamente para conter a hiperatividade. Mas aos 11 anos ele decidiu não mais tomar a medicação e sua mãe resolveu então, canalizar sua energia para os pesados treinos de natação e a disciplina das competições. Evidentemente, que nem todos serão campeões olímpicos, mas a discussão sobre o uso de Ritalin está apenas começando. Nos EUA, em algumas escolas primárias, perto de 30% dos alunos são diagnosticados com ADHD.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Homens Polígamos Vivem Mais

Um estudo de pesquisadores britânicos observou que homens de países que permitem a poligamia - o casamento com mais de um parceiro - vivem em média mais que aqueles que vivem em países onde a prática é proibida.

Cientistas da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, perceberam que homens acima de 60 anos de 140 países poligâmicos têm uma expectativa de vida em média 12% maior que a de homens de 49 nações monogâmicas.

Os dados, obtidos a partir de relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram calculados de maneira a desconsiderar fatores socioeconômicos nos diferentes países.

As conclusões foram apresentadas pela coordenadora da pesquisa, Virpi Lummaa, em um encontro internacional de estudos de comportamento em Ithaca, Nova York (EUA), e reproduzidas em reportagem da revista New Scientist.

Em sua exposição, a pesquisadora tentou encadear explicações para este fenômeno. Teorias sobre a longevidade humana procuram explicar por que homens e mulheres vivem tanto. No caso das mulheres, a questão é entender por que a longevidade se estende muito além do fim do ciclo reprodutivo, encerrado na menopausa.

Algumas pesquisas apontam para o 'efeito avó', afirmando que a chegada de netos serviria de estímulo para a longevidade das mulheres. Além disso, a chegada da menopausa permitira que se evitasse uma "concorrência" entre gerações de fêmeas.

No caso dos homens, os pesquisadores descartaram a existência de um "efeito avô" semelhante. Em vez disso, a longevidade se explicaria pelo fato de machos da espécie humana continuarem férteis mesmo em idades avançadas, disse Virpi Lumma. Isto é exacerbado em culturas poligâmicas, nos quais homens têm filhos com diversas mulheres, em geral de diferentes idades.

A revista New Scientist destacou ainda que as explicações poderiam ser genéticas tanto quanto sociais. Por um lado, homens que continuam a ter filhos aos 60 ou 70 anos podem ser levados a tomar mais cuidado com sua própria saúde, já que têm mais bocas para alimentar, afirmou a revista.

Por outro lado, milhares de anos de evolução podem ter selecionado homens com maior longevidade em países poligâmicos. Um pesquisador ouvido pela revista, Chris Wilson, antropólogo na Universidade de Cornell, em Ithaca, destacou também a influência que pode ter o cuidado de diversas mulheres cujo status social depende da boa saúde do seu marido.

"Não me surpreende que homens nessas sociedades vivam mais que homens em sociedades monogâmicas, onde eles ficam viúvos e ninguém cuida deles."

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Corpos Simétricos São Mais Atraentes

Uma estrutura corporal simétrica é considerada mais atraente para o sexo oposto, sugere um estudo realizado em Londres e publicado na edição desta semana da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Segundo a pesquisa, a simetria do corpo pode ser um sinal de saúde genética e, em termos evolutivos, pode ter um papel importante na escolha de um parceiro. "Acredita-se que a atração entre os humanos é resultado da qualidade dos genes e do fenótipo. Em outras palavras, os humanos buscam um parceiro que possa contribuir da melhor forma para a qualidade de sua prole", disse William Brown, da Universidade de Brunel, que liderou o estudo.

Segundo ele, as proporções corporais, a forma e a estatura são "sinais que demonstram claramente seu bom desenvolvimento ou saúde e, portanto, o seu nível como parceiro reprodutor atraente".

Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram um aparelho que faz uma espécie de ultra-som em três dimensões e é capaz de medir com precisão as proporções do corpo humano. A equipe pediu para que 77 pessoas - 40 homens e 37 mulheres - fizessem o ultra-som usando apenas as roupas íntimas. O equipamento faz as medidas do corpo e produz uma imagem em 3D. Essas imagens foram montadas em um vídeo no qual os corpos aparecem em 360 graus, em cor neutra e com as cabeças cortadas para que outras características físicas não influenciassem na avaliação.

Os vídeos foram então mostrados a 87 voluntários que avaliaram cada corpo com relação ao grau de atração que despertava. De acordo com os resultados, os corpos mais simétricos foram avaliados como mais atraentes tanto para homens quanto para mulheres.

Os homens se sentiram mais atraídos por corpos "menos masculinizados" - ou seja, mulheres de altura mais baixa, ombros pequenos, seios grandes e pernas longas. Em contrapartida, homens altos, com ombros largos e pernas mais curtas em comparação à parte superior do corpo foram considerados os mais atraentes entre as mulheres.

"Em resumo, o tamanho e forma do corpo parecem estar relacionados com a seleção sexual e fornecem informações importantes sobre a qualidade do fenótipo dos indivíduos", diz o estudo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Obesidade 'Nem Sempre Faz Mal à Saúde'

Dois estudos publicados nesta segunda-feira pela revista especializada Archives of Internal Medicine afirmam que nem toda obesidade significa problemas de saúde, e que é possível ser obeso e saudável. Segundo um dos estudos, liderado pelo médico Norbert Stefan, da Universidade de Tubingen, na Alemanha, é possível ser obeso mas não apresentar resistência à insulina nem sinais de arterioesclerose precoce - que sinalizariam problemas cardíacos e risco de diabetes do tipo 2.

No estudo, Stefan e sua equipe analizaram a gordura de 314 pessoas, divididas em quatro grupos: com peso normal, acima do peso (com índice de massa corporal até 29,9), obesos sensíveis à insulina e obesos resistentes à insulina. Os cientistas mediram a gordura corporal, visceral, (em torno do abdômen) e subcutânea, com exames de ressonância magnética, e ainda mediram os níveis de gordura no fígado e nos músculos.

Eles concluíram que, enquanto a gordura abdominal é um forte indicativo de resistência à insulina (um dos sinais de risco da diabetes) nos pacientes de peso normal, ou acima do peso, ela não tem tanta importância para determinar os riscos dos pacientes obesos. Enquanto que os dois grupos de obesos apresentavam semelhantes níveis de gordura abdominal, o grupo resistente à insulina apresentou níveis de gordura muscular e no fígado muito mais altos do que os obesos sensíveis à insulina, que não apresentam maiores riscos de saúde.

Os cientistas concluíram ainda que entre os obesos sensíveis à insulina, o nível de sensibilidade era equivalente ao dos pacientes com peso normal. Os dois grupos apresentaram também equivalentes espessuras das paredes de suas artérias, afirmando que existe um fenótipo de obesidade benigna. Stefan afirma que não defende a obesidade, mas sim um exame mais detalhado dos obesos, que meça a gordura no fígado e nos músculos, para identificar os riscos reais.

No outro estudo, a equipe liderada pela médica Rachel Wildman, do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, estudou dados de 5.440 pacientes com fenótipos diferentes para medir até que ponto a gordura é fator determinante de problemas de saúde. O estudo analisou dados coletados entre 1999 e 2004 de pessoas com peso normal, acima do peso e obesas, com e sem anomalias cardio-metabólicas (que incluem pressão alta, nível elevado de triglicerídeos e o chamado "bom colesterol").

Os resultados mostraram que 23,5% dos adultos de peso normal apresentavam anomalias, enquanto que 51,3% dos adultos acima do peso e 31,7% dos obesos eram saudáveis "metabolicamente". Entre os fatores associados aos problemas de saúde dos adultos com peso normal, estavam a idade avançada, baixos níveis de atividade física e maior circunferência da cintura. Os pacientes obesos e acima do peso que não apresentavam problemas metabólicos tendiam a ser mais jovens, de etnia negra, mas não hispânica, com altos níveis de atividade física e menor circunferência da cintura.

Segundo o estudo, o resultado mostra que há uma proporção considerável de adultos obesos e acima do peso considerados saudáveis, ao mesmo tempo em que uma considerável proporção de adultos de peso normal apresenta problemas de saúde normalmente ligados à obesidade. A cientista afirma que "são necessários novos estudos sobre mecanismos comportamentais, hormonais, bioquímicos e genéticos que estão por trás dessas diferentes respostas metabólicas ao tamanho do corpo", e poderão, no futuro, ajudar na criação de métodos para identificar pacientes em risco.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Envelhecimento Feminino e Demência

Embora as mulheres tendam a viver mais que os homens, novas pesquisas sugerem que, depois dos 90 anos, elas têm maiores chances de sofrer de demência do que os homens da mesma idade. Um estudo na edição atual do jornal "Neurology" examinou 911 americanos nonagenários e descobriu que 45% das mulheres tinham demência, comparado a 25% dos homens. As taxas de demência entre as mulheres com mais de 90 dobra para cada cinco anos adicionados à sua idade, enquanto os homens não apresentaram aumento nessas taxas à medida que ficavam mais velhos.

O estudo usou diferentes métodos para determinar se as pessoas tinham demência dependendo das informações disponíveis, incluindo exames, testes neuropsicológicos e questionários. Os pesquisadores fizeram análises dividindo os dados pelo tipo de diagnóstico utilizado, mas ainda descobriram que a demência era predominante entre as mulheres. As pessoas estudadas eram quase todas brancas e de status educacional e socioeconômico relativamente alto.

“Considerando que encontramos mais mulheres do que homens dessa idade com a doença, deduzimos que as mulheres vivem mais com a doença,” diz Maria M. Corrada-Bravo da Universidade da Califórnia, em Irvine, autora-chefe do estudo.

“Com um número crescente de pessoas atingindo idades avançadas, especialmente mulheres,” acrescentou Corrada-Bravo, “estamos vendo basicamente que teremos milhões e milhões de pessoas com essa condição.”