quinta-feira, 19 de junho de 2008

O Impacto da Violência na Saúde Mental

Mesmo sem conviver diretamente com o terrorismo, enfrentamos uma guerra civil surda e não declarada. Os grandes centros urbanos do país convivem com níveis elevados de violência – fora as altas taxas de homicídios - que atingem principalmente as camadas mais jovens da população. Segundo estatísticas divulgadas recentemente, no Relatório Global sobre Assentamentos Humanos, do Programa das Nações Unidas (ONU) para Assentamentos Urbanos, 70% dos brasileiros se sentem inseguros.

A violência afeta diretamente nosso cotidiano, impondo restrições e sofrimento, sendo sem dúvida uma das maiores causas de prejuízo à sociedade, com conseqüências importantes na saúde física e mental da população. A violência tornou-se matéria diária dos noticiários trazendo uma sensação de imobilidade, como se nada pudesse ser feito para mudar este cenário.

O medo do crime está associado à violência da polícia, à sensação de insegurança, aos registros oficiais de mortes e violências e aos freqüentes assuntos envolvendo estes temas nos jornais e noticiários.

A violência representa um importante problema de saúde pública devido aos efeitos que acarretam sobretudo na saúde mental dos habitantes de grandes cidades. De acordo com o professor de medicina comportamental da Unifesp, terapeuta Geraldo Possendoro, a violência pode acarretar diversos níveis de traumas, desde leves até gravíssimos, como no caso de um atentado.“Traumas graves e gravíssimos são divisores de águas. Algumas pessoas podem desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático, mas depende de fatores como idade, do tempo e intensidade que a pessoa foi submetida ao trauma, da personalidade de cada um e de como isso é absorvido pelo indivíduo”, explica o terapeuta.

A psicóloga Renata Maransaldi, colaboradora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – Usp, afirma que não se pode generalizar o impacto que cada pessoa sofre. “ Cada indivíduo recebe a situação de um jeito, alguns desenvolvem traumas, outros não”. Existem pesquisas que incluem fatores psicológicos, sociais e biológicos, assim como estudos sobre a eficácia de medidas terapêuticas. A psicóloga explica que nem todo mundo - ainda que expostos ao mesmo tipo de violência - precisam de tratamento, mas que todos podem ser tratáveis desde que o indivíduo se disponha. “Às vezes as pessoas nos procuram quando já se encontram num estado muito grave, quando não suportam mais e se submetem à psicoterapia”, afirma.

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