domingo, 25 de maio de 2008

Automedicação Pode Fazer Mal à Saúde

Aos primeiros sinais daquela ‘dorzinha de cabeça’ chata e persistente, sempre aparece um amigo, parente ou vizinho bem-intencionado para sugerir um remédio infalível. Mas o que o ‘médico de plantão’ não desconfia é que tomar medicamentos por conta própria ou aceitar a sugestão de terceiros pode ‘mascarar’ uma doença mais grave, adiar o diagnóstico correto e causar dependência. Em alguns casos, a automedicação pode provocar desde alergias e intoxicações até a morte do paciente.

No Brasil, segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), os remédios ocupam o primeiro lugar no ranking de casos de intoxicação. No estudo mais recente, de 2005, os remédios provocaram 25,96% do total de alergias e intoxicações no País. “A cada 200 casos de intoxicação por remédio, pelo menos um leva à morte. E crianças até cinco anos são as maiores vítimas, respondendo por 30% dos casos. Na maioria das vezes, os principais responsáveis são os pais, que chegam a adulterar remédios de adultos para fazer efeito em crianças”, afirma Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox.

Na opinião de especialistas, a grande variedade de medicamentos à venda nas farmácias sem exigência de prescrição facilita o acesso de quem procura alívio imediato para uma dor de cabeça aqui ou uma indisposição estomacal acolá. Não é à toa que os recordistas da automedicação são os remédios de venda livre ou OTC’s (sigla em inglês para ‘Over the Counter’ ou ‘Sobre o Balcão’): analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios.

“Todo e qualquer remédio, por mais inofensivo que pareça ser, tem riscos, contra-indicações e efeitos colaterais. Chega a ser engraçado quando pergunto ao paciente se já tomou algum remédio e ele diz: ‘Ah, doutor, só uma aspirina’. As pessoas não têm noção de que uma simples aspirina pode causar úlcera hemorrágica, distúrbios de coagulação e até problemas no funcionamento dos rins”, alerta Alfredo Salim Helito, clínico geral do Hospital Sírio-Libanês.

A arquiteta Josiane de Lima Machado, 47 anos, é um exemplo de quem já sofreu reação alérgica devido à automedicação. Por causa das dores nas costas e na cabeça, sempre fez uso contínuo de remédios de venda livre, como analgésicos e antiinflamatórios. “Cheguei a tomar uma média de três comprimidos por dia, de 6 em 6 horas, para conseguir trabalhar. E, mesmo assim, as dores não passavam. A medicação só aliviava meu sofrimento”, lembra Josiane.

Foi assim até o dia em que a arquiteta começou a apresentar inchaço nas pernas e descobriu que havia desenvolvido alergia às substâncias dipirona e diclofenaco. O jeito foi se submeter a tratamento de desintoxicação. “Por diversas vezes, cheguei a ser internada às pressas e as dores só iam embora quando eu tomava morfina. Se eu fosse ao médico toda vez que passasse mal, não faria outra coisa da vida. Por isso mesmo, passei a tomar alguns remédios por conta própria. O pior é que, com o passar do tempo, os medicamentos deixaram de fazer efeito e eu tive que aumentar a dosagem”, diz.

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