quinta-feira, 8 de maio de 2008

Pesquisa Avalia Qualidade de Vida na Terceira Idade

A Fiocruz analisou a alta prevalência de doenças crônicas e a incapacidade de realizar tarefas diárias como dois dos principais motivos da perda de independência e autonomia dos idosos. Em trabalho publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) avaliaram o problema em cerca de 1,5 mil pessoas com mais de 60 anos do município de São Paulo, das quais 30% afirmaram apresentar dificuldades no exercício das atividades cotidianas.

Os idosos foram questionados sobre características de sua vida atual e pregressa, como presença de companheiros, atividade física e mental, número de filhos, ocupação profissional, consumo de álcool, tabagismo etc. Além disso, apontavam se sofriam ou não de depressão e doenças crônicas como hipertensão, diabetes, câncer e artrose. Em seguida, respondiam a perguntas sobre tarefas diárias como ir sozinho à igreja, fazer compras, lidar com dinheiro, usar o telefone e tomar corretamente as medicações prescritas pelo médico.

Entre os idosos com mais de 75 anos, 48,9% afirmaram ter dificuldade em uma ou mais tarefas, enquanto, para aqueles de 60 a 74 anos, o índice foi de 15,3%. Os resultados também mostraram que os mais velhos sofrem mais com as doenças crônicas e a depressão. Além disso, algumas variáveis significativas foram a etnia – idosos não brancos apresentaram menos dificuldade com as atividades – e a renda, uma vez que níveis econômicos mais altos correspondem a uma vida mais ativa no passado, o que influi na capacidade lidar com o cotidiano na terceira idade.

Em relação ao estilo de vida atual, a prática de atividades físicas mostrou-se um fator protetor contra as dificuldades. “Porém, esse resultado deve ser visto como uma associação de dois fatores – atividade física e problemas com tarefas diárias –, não como uma relação de causa e efeito entre os dois”, advertem os autores. “Indivíduos tendem a fazer mais exercícios físicos se não apresentam outros problemas ligados às atividades do dia-a-dia”.

Outro resultado importante envolve a presença de doenças crônicas. Idosos que reportaram duas ou mais doenças apresentaram duas vezes mais dificuldades do que as pessoas que sofriam de apenas uma. “Isso demonstra o impacto das comorbidades na qualidade de vida dos idosos”, ressaltam os pesquisadores. A equipe da USP acrescenta ainda que a depressão também foi fator importante no aumento das dificuldades com tarefas diárias.

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