quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Música Ajuda na Recuperação Após Ataque Cerebral

Ouvir música diariamente contribui para uma melhor recuperação após um ataque cerebral, revela um estudo finlandês publicado pela revista especializada Brain.
Segundo pesquisadores finlandeses, as vítimas de acidentes vasculares cerebrais (AVC) que ouvem música de uma a duas horas por dia têm uma melhor recuperação de sua memória verbal e de sua capacidade de atenção.

A música também melhora o humor e deixa os pacientes mais otimistas, menos deprimidos. Os benefícios da música em casos de ansiedade, depressão e dor são bem documentados, e há estudos que sugerem efeitos positivos em relação à esquizofrenia, à demência e ao autismo, mas esta é a "primeira vez" que se mostra isto em relação a um ataque cerebral, destaca Teppo Sarkamo, do Centro de Pesquisas sobre o Cérebro de Helsinki.

A música deve contribuir para estimular os pacientes durante o período crucial em que o cérebro, devido à sua "plasticidade", tenta adaptar-se aos danos provocados pelo ataque cerebral. É útil, "barato e fácil de fazer", e complementa outras terapias, especialmente em pacientes internados durante semanas, até meses, em quartos de hospitais. Apesar de "promissor", o estudo precisa ser corroborado por outras pesquisas, para se compreender melhor os mecanismos neurológicos que permitem este efeito "direto" da música sobre os pacientes, assinalam os cientistas.

Pesquisas comprovam que pobreza prejudica desenvolvimento do cérebro

Crianças criadas em condições de pobreza têm mais dificuldade para aprender, não só por questões socioeconômicas, mas também biológicas. Pesquisas realizadas nos últimos anos comprovam que a pobreza tem impacto direto no desenvolvimento do cérebro, justamente no período mais crítico da infância, deixando seqüelas neurológicas que diminuem a capacidade de aprendizado.

Os resultados dessa relação entre pobreza e aprendizado já são conhecidos dos educadores, mas os cientistas ainda estão longe de explicar como isso ocorre biologicamente. A capacidade do ser humano de memorizar, lembrar e aprender novas informações depende de uma constante reconfiguração de sinapses - as ligações entre um neurônio e outro, por meio das quais são transmitidas e armazenadas as informações no cérebro.

A maior parte dos neurônios é formada no útero, durante o desenvolvimento embrionário e fetal, mas a planta básica de conectividade dessas células só é estabelecida nos primeiros anos de vida, na medida em que a criança aprende a falar e raciocinar. Numa situação de pobreza, em que há menos estímulos, piores condições de saúde, má nutrição, maior exposição a substâncias tóxicas, abuso e outras dificuldades domésticas, esse desenvolvimento primordial do cérebro pode ser prejudicado.

“Uma vez que os circuitos são fechados, não dá para voltar atrás e reconfigurar o sistema. A criança vai viver com os circuitos defeituosos para sempre”, diz o pesquisador Jack Shonkoff, diretor-fundador do Centro sobre Desenvolvimento Infantil de Harvard. O assunto foi tema de um simpósio da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) na semana passada, em Boston.

“Não há dúvida de que ser pobre é ruim para o cérebro”, disse a organizadora do debate, Martha Farah, da Universidade da Pensilvânia. Estudos mostram, por exemplo, que crianças de três anos de idade, cujos pais têm diploma universitário, têm um vocabulário três vezes maior do aquelas cujos pais não completaram o ensino básico.

“Com dois anos você já pode notar a diferença”, disse Shonkoff. As seqüelas da pobreza no desenvolvimento cerebral são profundas, mas não totalmente irreversíveis. Estudos com animais mostram que o cérebro tem “plasticidade” suficiente para se recuperar, se os estímulos positivos para que isso ocorra forem também suficientes.

No caso dos seres humanos, esses estímulos podem variar desde um programa de leitura até a oportunidade de estudar numa boa escola.

Nenhum comentário: